terça-feira, 17 de maio de 2016

Cozinhando sem glúten e sem lactose: experiência, dicas e uma pequena lista do que pode...

A postagem de hoje é para começar a registrar a tarefa diária de fuga do glúten, que tenho desenvolvido por causa de meu guri, de três anos, celíaco (alérgico à proteína do trigo e centeio).
Primeiro devo esclarecer que sou vegetariana e sempre concilio a alimentação dele com a minha, tornando a tarefa um pouquinho mais complexa.
Logo que fui informada do diagnóstico, fiquei sem saber o que dar de alimentação para ele, mas depois de bastante pesquisa, conversa com amigos que passavam pelo mesmo problema e muita coragem, descobri um mundo novo da cozinha livre de glúten. 

A primeira dica que compartilho é algo que sempre fiz: ler os rótulos. Uma prática comum entre vegetarianos e que ajuda a identificar os alimentos que posso usar para preparar comida para ele. Sempre leia, às vezes empresas que não tinham traços de glúten ou lactose, passam a ter. E o oposto também é verdade...;

Segunda dica: não exagerar nos alimentos que pode, porque o exagero às vezes leva a uma intoxicação. Digo por experiência, meu bebê desenvolveu alergia ao amendoim e durante algum tempo à banana. (Culpa minha, podia paçoca? Era paçoca todo dia! Da série coisas que me arrependo...). 

Terceira dica: variedade! O que serve para vegetarianos, na maior parte das vezes serve para intolerantes. Abuse de vegetais (todos), frutas (todas) e grãos** (dê preferência a orgânicos - sem veneno - não-transgênicos). Batata, batata doce, aipim (mandioca), cenoura, chuchu, cebola, tomate, quiabo, couve, brócolis, couve-flor, repolho, beterraba..., é uma lista alegre de extensa! As frutas eu seleciono as menos ácidas, mais alcalinas como abacate, maçã e banana. 
Dentre os grãos estão proibidos, obviamente, os que têm a proteína perigosa: aveia e cevada.
Quarta dica: inventar! Bolos, pizas e novas formas de fazer os antigos alimentos 'engordantes'. Tem um lado positivo na restrição ao glúten, todos que conheci até agora são magrinhos hehe.... Brincadeiras à parte, nada melhor do que o velho e bom arroz com feijão e ovo para um celíaco! Sobremesa? frutas! Ou um bolo/torta de banana. E de beber? Água!

Lista de opções de alimentos:
Leite sem lactose com chocolate 100% cacau (sem lactose/glúten);
Rosca de polvilho (derivados da mandioca liberados!!!), O grande problema no nosso caso sempre foi o que dar no café da manhã? No lanche da tarde? Como viver sem pão??? Com o tempo a gente descobre que há vida sem glúten, com muita tapioca.
Tapioca (pode misturar ou ovo, ou com banana fica uma panquequinha deliciosa);
Pipoca tradicional na panela;
Carnes (peixe, frango, de boi) - detalhe: embutidos não são saudáveis e podem conter traços, esqueça-os;
Nozes/amêndoas;
Amido de milho (prepare tortas, mingaus, balinhas);
Polenta (mingau de polenta, polenta frita);
Manteiga de amendoim/paçoca;
Suspiro e barrinhas de arroz doce, são opções para quem tem a dieta restrita.

É isso. 


sexta-feira, 29 de abril de 2016

A formiga e a neve

*´¯`·. Universo das Fábulas.·´¯`*: A formiga e a neve: Numa certa manhã de inverno, uma formiga saía para o seu trabalho diário. Já ia longe procurar comida quando um floco de neve caiu, prenden...

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Mudança de perspectiva

Sempre ouvi que só o tempo ensina, que há um tempo para cada coisa na vida da gente. Mas esse entendimento coincide com o passar do tempo para nós. Para mim...
Certamente se eu não tivesse passado por todos os apertos, todos os problemas, com certeza eu não seria quem eu sou hoje.
Talvez seja a única vantagem ao se envelhecer: perceber tudo com uma clareza!

terça-feira, 29 de março de 2016

Grandes são os desertos, e tudo é deserto. F.Pessoa (Álvaro de Campos)

Grandes são os desertos, e tudo é deserto. 
 Não são algumas toneladas de pedras ou tijolos ao alto 
 Que disfarçam o solo, o tal solo que é tudo. 
 Grandes são os desertos e as almas desertas e grandes 
 Desertas porque não passa por elas senão elas mesmas, 
 Grandes porque de ali se vê tudo, e tudo morreu.  Grandes são os desertos, minha alma! 
 Grandes são os desertos.
 Não tirei bilhete para a vida, 
 Errei a porta do sentimento, 
 Não houve vontade ou ocasião que eu não perdesse. 
 Hoje não me resta, em vésperas de viagem, 
 Com a mala aberta esperando a arrumação adiada, 
 Sentado na cadeira em companhia com as camisas que não cabem, 
 Hoje não me resta (à parte o incômodo de estar assim sentado) 
 Senão saber isto: 
 Grandes são os desertos, e tudo é deserto. 
 Grande é a vida, e não vale a pena haver vida,
 Arrumo melhor a mala com os olhos de pensar em arrumar 
 Que com arrumação das mãos factícias (e creio que digo bem) 
 Acendo o cigarro para adiar a viagem, 
 Para adiar todas as viagens. 
 Para adiar o universo inteiro.
 Volta amanhã, realidade! 
 Basta por hoje, gentes! 
 Adia-te, presente absoluto! 
 Mais vale não ser que ser assim.
 Comprem chocolates à criança a quem sucedi por erro, 
 E tirem a tabuleta porque amanhã é infinito.
 Mas tenho que arrumar mala, 
 Tenho por força que arrumar a mala, 
 A mala.
 Não posso levar as camisas na hipótese e a mala na razão. 
 Sim, toda a vida tenho tido que arrumar a mala. 
 Mas também, toda a vida, tenho ficado sentado sobre o canto das camisas empilhadas, 
 A ruminar, como um boi que não chegou a Ápis, destino.
 Tenho que arrumar a mala de ser. 
 Tenho que existir a arrumar malas. 
 A cinza do cigarro cai sobre a camisa de cima do monte. 
 Olho para o lado, verifico que estou a dormir. 
 Sei só que tenho que arrumar a mala, 
 E que os desertos são grandes e tudo é deserto, 
 E qualquer parábola a respeito disto, mas dessa é que já me esqueci.
 Ergo-me de repente todos os Césares.   
 Vou definitivamente arrumar a mala.   
 Arre, hei de arrumá-la e fechá-la;  
 Hei de vê-la levar de aqui, 
 Hei de existir independentemente dela.
 Grandes são os desertos e tudo é deserto, 
 Salvo erro, naturalmente. 
 Pobre da alma humana com oásis só no deserto ao lado!
 Mais vale arrumar a mala. 
 Fim.