Escola é depósito de criança

 

Escola é depósito de criança

A Escola como Instrumento de Reprodução Social: Uma Análise Crítica

A escola, revela-se, sob uma análise crítica, como uma instituição profundamente marcada pelas relações de poder, desumanização e manutenção do status quo, sob a lupa crítica de pensadores como Foucault e Bakhtin, desvelada como uma instituição que reproduz e legitima as relações de poder existentes na sociedade. 

Neste breve artigo, exploro como a escola funciona como um depósito de crianças, perpetuando a uniformização de corpos e mentes e contribuindo para a perenização da enorme desigualdade social. A escola tem sido utilizada como ferramenta para a reprodução das estruturas sociais existentes, moldando os indivíduos para atender às demandas do mercado e perpetuar as hierarquias de classe.

Bakhtin nos convida a pensar a linguagem como um espaço de interação e de construção de sentidos. Na escola, no entanto, predomina o monólogo do professor (leia-se sistema escolar), que impõe um único ponto de vista e silencia as vozes dos alunos. Essa imposição de uma verdade única impede o desenvolvimento de um pensamento crítico e criativo, essencial para a transformação social.

A escola não apenas reproduz a sociedade, como também legitima. Através de currículos, metodologias e práticas pedagógicas jurássicas, a escola transmite valores e conhecimentos que reforçam a hierarquização e uniformização social.

  • Currículos e conteúdos: Os currículos escolares são elaborados com base em um modelo de desenvolvimento econômico que prioriza a formação de mão de obra para o mercado. Isso limita as possibilidades de desenvolvimento de um pensamento crítico e criativo nos alunos.
  • Avaliação escolar: As formas de avaliação utilizadas nas escolas contribuem para a reprodução do sistema injusto para a maioria em que estão inseridas.
 Avaliações padronizadas e com foco em memorização privilegiam determinados perfis de alunos, em detrimento de outros.

As escolas públicas, com recursos limitados e turmas superlotadas, tendem a oferecer uma educação com qualidade voltada exclusivamente para suprir a demanda de mão de obra barata (do ponto de vista de mercado), perpetuando e legitimando o ciclo da pobreza. 

Já as escolas privadas, com investimentos em infraestrutura e em tecnologia, garantem aos seus alunos um acesso privilegiado às melhores vagas de trabalho.

De forma prática, a escola serve para tornar o aluno de escola pública o futuro empregado e o da escola privada, o patrão e, prioritariamente, serve para armazenar crianças.


A Escola como Depósito de Crianças

A escola funciona como um depósito de crianças, onde os alunos são submetidos a uma rotina padronizada e a um currículo que prioriza a transmissão de conhecimentos técnicos em detrimento do desenvolvimento de habilidades críticas, criativas e de propósito de vida. Essa função de depósito serve aos interesses do mercado/corporações/estrutura escolar que se retroalimenta da invisibilidade das crianças e que precisa de uma força de trabalho disciplinada e pronta para executar tarefas repetitivas. Os pais trabalham e depositam seus filhos na escola, no futuro esses filhos trabalharão e deixarão os seus filhos no mesmo depósito.

A Escola como Prisão: O Olhar de Foucault

Em sua obra "Vigiar e Punir", Foucault nos apresenta a escola como uma instituição disciplinar, similar à prisão, que exerce um poder sobre os corpos e as mentes dos indivíduos. Através de mecanismos como horários rígidos, espaços delimitados e a vigilância constante, a escola molda os sujeitos, padronizando comportamentos e pensamentos sob a pressão da punição.

Professores hipócritas, façam o que eu digo, não façam o que eu faço, amassam a criatividade e o espírito das crianças, adoecendo-as mentalmente e matando qualquer possibilidade de desenvolvimento de potenciais. A escola é uma máquina de fabricar seres humanos miseráveis. Nem estou falando de bullying ainda, somente de estrutura. 

 A escola pública, em particular, é vista como uma fábrica de mão de obra barata, preparando os alunos para ocupar os postos de trabalho menos qualificados na sociedade. Já a escola privada, ao oferecer uma educação elitizada, forma os futuros líderes e perpetua a exploração social e econômica de seres humanos, criando uma falsa ideia de meritocracia.

A escola, tal como a conhecemos, emerge no contexto da Revolução Industrial. A necessidade de uma força de trabalho disciplinada e com habilidades específicas impulsionou a criação de sistemas educacionais massificados. A escola como uma fábrica de mão de obra (escravidão moderna, sugiro ver Chomsky)  tem sido historicamente utilizada como um instrumento da reprodução de miséria e marginalização social.

História da Educação: A história da educação está repleta de exemplos em que a escola serviu a interesses específicos, como a formação de mão de obra para a indústria ou a manutenção das hierarquias sociais. A ideia de que a educação seria um elevador social é um mito que, muitas vezes, obscurece a realidade da imensa diferença entre ricos e pobres e promove as mesmas barreiras que impedem a ascensão social da maioria dos indivíduos. Os professores são peões nesse jogo e não podem ou não querem fazer nada para melhorar o sistema no qual fazem papel de carrascos.

A expansão industrial exigiu uma força de trabalho disciplinada e com habilidades específicas. A escola, então, passou a ser vista como um meio de formar essa mão de obra, padronizando pessoas, oferecendo conhecimentos limitados, direcionados e condicionando comportamentos.

Em algum momento a escola também pode ter sido um espaço de luta e de resistência. Movimentos sociais e educadores críticos existem, são raros, mas esses sempre buscaram transformar a escola em um espaço mais democrático e inclusivo, apesar de ser um esforço ineficaz (secando gelo).

Assim, a escola, em sua origem e em muitas de suas manifestações ao longo da história, esteve intrinsecamente ligada aos interesses do capital.

Função Social da Escola: a escola desempenhou diferentes funções sociais, dependendo do contexto político. Em muitos momentos, ela serviu como um instrumento de controle social e de atendimento aos interesses de mercado (Foucault).

 A ideia de que a escola é um espaço de ascensão social baseado no mérito individual é uma ideologia que, muitas vezes, serve para 'justificar' a exploração social. Essa ideologia ignora os fatores sociais, econômicos e culturais que influenciam o desempenho escolar dos indivíduos.

A escola, além de transmitir conhecimentos (do ponto de vista do vencedor, ou seja, do dono dos meios de produção), também reproduz as relações sociais existentes. Ou seja, ela contribui para a manutenção do atual cenário, perpetuando a ideia de que o berço torna umas pessoas melhores que outras, quando na realidade são oportunidades de desenvolvimento de potencial que faltam para atender as diferentes habilidades de cada criança.

Vamos fingir que somos otimistas e que a educação, em sua essência, possui um potencial transformador. Poderia fornecer acesso ao conhecimento e às ferramentas para pensar criticamente, a escola poderia contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, mas não é o que acontece. A escola respira e transpira ideologias dominantes.

A Escola como Espaço de Controle Ideológico

Além de reproduzir as condições econômicas e sociais estabelecidas, a escola também funciona como um espaço de controle ideológico. Os conteúdos curriculares, os materiais didáticos e as práticas pedagógicas são frequentemente utilizados para transmitir uma visão de mundo que legitima esse status quo. A história é contada a partir da perspectiva dos vencedores, omitindo as lutas e as resistências dos grupos marginalizados.  

A escola, como instituição, não é neutra. 
Ela reflete e reproduz as relações de poder existentes na sociedade, destruindo o espírito inventivo e criativo. Para que a escola possa promover a emancipação e a igualdade social, é necessário realizar uma transformação radical em sua estrutura e funcionamento. Essa transformação deve partir da base, com a participação ativa de professores, alunos, pais e comunidade escolar, se alguém se omitir nada muda. É preciso construir escolas que valorizem a vida humana, abertas ao diálogo e a construção coletiva do conhecimento.

A crítica à escola não significa negar seu papel na formação de indivíduos quando a unidade familiar falha, mas sim questionar a maneira como essa formação ocorre. 

Em suma, a escola, ao moldar os sujeitos de acordo com as demandas do mercado, cristaliza as mazelas sociais. As escolas privadas garantem aos seus alunos acesso às melhores universidades e aos melhores empregos, consolidando o poder das elites, que não precisam de pobre pensando ou sendo chefe/líder. A escola é um campo de disputa de poder, onde se reproduz a injustiça na sua forma mais aterradora: não há saída. 

  • Foucault, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão.
  • Bakhtin, M. M. Marxismo e filosofia da linguagem. 

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