sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Uma música estimulante!


Você agradece as pessoas o suficiente?

Sem apelo religioso (tradução livre), apenas a letra é linda.
Quando você está sozinho e ninguém pode contar suas lágrimas, somente lembre Deus sabe..




quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Conto: A princesa que foi educada como um homem

(conto indiano, muito interessante)
Em Manapur existiu uma vez um rei que não teve nenhum filho homem. Como precisava de um herdeiro para o trono, resolveu educar sua única filha como se fosse um menino. A princesa Chitrangada não era bonita, muito pelo contrário. E como desde a mais tenra idade acostumou-se a manejar o arco e a flecha, a cavalgar pelos bosques com roupas masculinas caçando junto com os homens seus modos, costumes, gostos e sonhos nem de longe se assemelhavam ao que se esperaria de uma princesa de sangue real.
Naquele tempo, os Pandava tinham sido expulsos de seu reino pelos seus primos, os Kaurava, que tomaram o lugar dos primos banidos e se proclamaram reis. O grande guerreiro Arjuna era conhecido como o mais belo aventureiro dos Pandava, e seus feitos heroicos eram cantados por toda a parte. Enquanto as jovens do palácio de Chitrangada ficavam imaginando a beleza de Arjuna, a princesa só prestava atenção aos relatos de sua bravura e encantava-se com sua habilidade de atirar uma flecha com os olhos fechados e, ainda assim, acertar o alvo.
Mas, ao mesmo tempo, coisas horríveis aconteceram durante o exílio dos Pandava na floresta. Muitos bandidos se aproveitaram da briga entre os primos rivais e começaram a invadir e saquear as aldeias nas redondezas espalhando o terror por toda a parte. Para defender o reino de Manipur, Chitrangada montou seu cavalo e passou a comandar o pequeno exército de seu pai. Logo ela foi aclamada por sua coragem, por sua habilidade de guerreira, por sua perseverança. O povo a adorava e confiava nela cegamente. Os inimigos a temiam. O tempo foi passando e, enquanto as jovens do palácio realizavam suas festas de casamento, a princesa Chitrangada tornava-se cada vez mais hábil na caça, na luta, nas decisões no conselho de ministros e nos tribunais. Cada vez mais feia e embrutecida, ela não se lembrava, e ninguém se lembrava também, de que havia nascido mulher.
Um dia, cavalgando por um bosque acompanhada de alguns guerreiros, ela viu um homem dormindo à sombra de uma árvore, coberto dos pés à cabeça com seu manto. Sem descer do cavalo, ela cutucou o pé do homem com sua lança. Em um único movimento ele se levantou e armou sua flecha na direção de quem o havia atacado. Encontrou o olhar zombeteiro de Chitrangada que o encarava com um riso de deboche. Mas, em seguida, ele abaixou sua arma e disse simplesmente:
- Eu jamais lutarei com uma mulher, por mais que ela se pareça com um homem.
Enfurecida, ela retrucou:
- Com certeza você não é do meu reino, senão saberia que sou capaz de lutar melhor que um homem. Quem é você?
- Meu nome é Arjuna - ele respondeu tranquilamente.
- Arjuna, o Pandava, banido de seu reino? O grande herói de quem tenho ouvido as aventuras mais inacreditáveis?
Chitrangada quase perdeu a respiração diante daquele que admirava mais do que ninguém no mundo.
 - Eu mesmo - ele respondeu - E se você pretendia lutar comigo, pode perder as esperanças. Decidi viver como um ermitão durante um ano nesta floresta. Assim, nem com suas armas e muito menos com seus dotes femininos você seria capaz de me vencer - ele disse com um sorriso irônico, embrenhando-se pelo mato, desaparecendo rapidamente dentro da floresta.
   Naquele momento, a princesa Chitrangada perdeu a noção do tempo e do espaço, da razão e do dever. Guiada pelo redemoinho de fogo que se apoderou de seu coração, galopou feito louca na direção do palácio, correu para seus aposentos e lá se trancou. Com gestos febris, suas mãos agitadas foram arrancando uma por uma suas roupas de homem. Ela procurou nos baús empoeirados as vestes e ornamentos que tinham sido de sua mãe, e foi se cobrindo desajeitadamente com um sári dourado, colares, anéis, pulseiras, enfeitou os cabelos e dirigiu-se para o espelho, cheia de ansiedade. A imagem que ela viu a deixou horrorizada.
 - Como posso agradá-lo com meus encantos de mulher? Eu sou muito, muito feia - ela disse chorando, enquanto abraçava sua ama, que sempre cuidara dela, desde menina.
 - Mas princesa, o que foi que aconteceu? Eu nunca a vi dessa maneira, tão desamparada. Você tem enfrentado os inimigos mais ferozes, vencendo todos os desafios com a bravura de um homem.
 - É justamente essa bravura que não me serve de nada agora - disse a princesa soluçando - É o que menos vai me ajudar a conquistar o homem que amo.
 - Se entendi direito, acho que posso ajudá-la - disse a ama docemente - Faça o que deve ser feito. Você precisa ir até o templo do Amor na entrada da floresta, e diante do altar pedir à Deusa que a torne bela, por um ano que seja.
A princesa parou de chorar e, animada com aquelas palavras, saiu correndo para o templo. Lá dentro não havia ninguém. Ela ajoelhou-se diante do altar e, com a cabeça voltada para o chão, disse baixinho:
 - Por um ano, por um ano apenas, eu quero ser jovem e muito bonita.
Enquanto repetia seu desejo, sem cessar, ela foi se deixando embalar pela cadência de sua voz, pelo perfume das flores e do incenso espalhados pelo templo, e acabou adormecendo.
   Quando um raio de sol iluminou seu rosto na manhã seguinte, ela abriu os olhos devagar e demorou um pouco para entender onde estava. A primeira coisa que sentiu foi uma vaga alegria. Uma leveza envolvia seu corpo e sua alma, sem que ela soubesse por quê. Ao apoiar a mão no chão para levantar-se, que mão era aquela, pequena, delicada e branca como a de uma donzela do palácio? Surpresa, ela caminhou até a fonte na entrada do templo. Maravilhada, demorou para acostumar-se com a mulher que viu refletida no espelho de águas límpidas. Aquela jovem vestida com o sári dourado e joias que realçavam suas formas perfeitas, encantadora e suave como um botão de rosa na primavera, era ela mesma?
   A felicidade escapou de seu peito num canto delicado de agradecimento à Deusa. E a voz da princesa que cantava nem de longe lembrava o timbre áspero da guerreira Chitrangada.
   A jovem foi se embrenhando para dentro da floresta, com o coração cheio de esperança. Depois de um tempo ela encontrou Arjuna, sentado numa clareira, de olhos fechados meditando. O som dos guizos nos pés da jovem anunciaram sua presença, e Arjuna abriu os olhos. E o que aconteceu naquele momento, nem mil palavras de um contador de histórias seriam capazes de relatar direito. As juras de amor que Arjuna e a princesa Chitrangada trocaram, extasiados um com o outro, ficaram gravadas para sempre na terra daquele chão, no céu azul daquele lugar. Para sempre eles queriam ficar juntos. E desejaram que o tempo parasse.
   Mas o tempo não parou. A princesa disse a Arjuna que se chamava Jaya. Com esse nome encantou-o como uma fada e amou-o como uma mulher durante dias, semanas, meses. Ao mesmo tempo, enquanto vivia cada minuto de felicidade junto daquele homem magnífico, a princesa não se esquecia que o ano se escoava e que o dia de seu prazo final se aproximava cada vez mais.
   Até que esse dia chegou e, quando Arjuna acordou, Jaya não estava ao seu lado. Lá fora ele ouviu vozes que se aproximavam da clareira onde moravam. De repente, chegaram muitas pessoas a pé, a cavalo, camponeses e soldados, procurando pela princesa Chitrangada. Eles traziam um enorme cavalo negro, ricamente ajaezado, e sobre a sela do cavalo, havia um arco, flechas e roupas de homem.
 - O que vocês fazem aqui? - perguntou Arjuna.
 - Depois que a nossa princesa desapareceu - respondeu um homem - os bandidos têm incendiado nossos campos e nossas aldeias. Nós precisamos encontrá-la, antes que eles cheguem à capital do reino. Só ela poderá nos salvar como sempre fez antes de seu desaparecimento.
Ele não conseguiu terminar de falar, pois um murmúrio exaltado tomou conta de todos. Eles olharam na direção da gruta, levantaram os braços agitados e gritaram:
 - Chitrangada, finalmente a encontramos!
Arjuna virou-se e viu uma mulher horripilante, ossuda e desengonçada, vestida com um sári dourado.
 - Quem é você? - perguntou - Nessa gruta vivo com Jaya, minha mulher. Onde ela está?
Com uma voz grave e áspera, Chitrangada respondeu:
 - Ela continua viva, no fundo do meu coração.
E sem dizer mais nada, ela olhou Arjuna com os mesmos olhos negros e brilhantes que iluminavam o rosto de Jaya, e correu para seu cavalo. Vestiu as roupas de homem que a esperavam, saltando sobre a sela, Então Arjuna lembrou-se daquela mulher guerreira que uma ano atrás o havia desafiado cutucando seu pé com a lança.
   A princesa esporeou o cavalo e saiu em disparada enquanto as pessoas a aclamavam. Arjuna montou em outro cavalo e a seguiu. Juntos combateram com bravura e venceram os exércitos dos bandidos. Nas aldeias, o povo festejou por dias seguidos, com danças e cantos. Enquanto Arjuna e a princesa retornavam lado a lado pelo caminho, chegavam à beira da floresta onde tinham vivido por um ano inteiro.
Arjuna entendeu que continuava a amá-la, e estendeu a mão para que juntos entrassem na floresta. A princesa Chitrangada sorriu, com os mesmos olhos negros e brilhantes que Arjuna conhecera no rosto de Jaya e lhe disse:
   - O que resta da bela mulher que viveu na gruta dom você é o mais importante. Aquilo que está guardado dentro do nome Jaya, que quer dizer "vitória".
   Na verdade, ela já nem era mais tão feia quanto antes.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Quando a vida te dá um limão...

Não é um texto motivacional. Apenas para contar como eu atravesso os piores dias. Quando penso que 'em tese' nada mais pode piorar, imagina o que acontece? Então sempre que sinto que as coisas não estão indo no melhor dos caminhos eu simplesmente paro. Observo (com o limão na mão), penso em alternativas, tomo as ações necessárias... enfim, faço o que me ensinaram: produzo a limonada e vou saboreando devagar. 
Outra coisa que acompanha bem o suco de limão é a passagem bíblica (não estou conclamando religião!!! trata-se apenas de uma citação): 

 Contemplai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem armazenam em celeiros; contudo, vosso Pai celestial as sustenta. [...] Observai como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem. Eu, contudo, vos asseguro que nem Salomão, em todo o esplendor de sua glória, vestiu-se como um deles...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Sobre a morte de Bolaños (Chaves)...

Quando estive no México, muita coisa remetia ao Chaves, personagem de Bolaños. Os mexicanos de modo geral demonstram extrema afeição pelo 'El chavo del 8' e com certeza foi uma estrelinha que se apagou aqui e está brilhando lá em cima.Pragmaticamente, pesquisando um pouquinho, parece que cada episódio rendeu mais de um milhão de dólares para a família Bolaños. O que traz uma recompensa para um trabalho de diversão que nunca agrediu o seu público, ao contrário, trouxe muita alegria.

Ao visitar Vera Cruz, descobrimos que há um museu de cera, com estátua do Chaves, entre outras personalidades de peso mexicanas.
Então, quando você for ao México, se puder, passe no museu de cera na cidade de Vera Cruz, para tirar fotos com o Chavito e matar um pouco a saudade...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Outra citação: irmãos Wachowski do filme Matrix

Por que, Sr. Anderson? Por que, por quê? Por que você faz isso? Por que, por que se levantar? Por que continuar lutando? Você acredita que você está lutando ... por alguma coisa? Por mais do que sua sobrevivência? Você pode me dizer o que é? Você sabe mesmo? Será que é liberdade? Ou verdade? Talvez paz? Poderia ser por amor?  Ilusões, Sr. Anderson. Caprichos da percepção. Construções temporárias de um intelecto humano frágil tentando desesperadamente justificar uma existência sem sentido ou propósito. E tudo tão artificial quanto a própria Matrix, embora ... só uma mente humana poderia inventar algo tão insípido como o amor. Você deve ser capaz de ver isso, Sr. Anderson. Você deve saber disso agora.Você não pode vencer. É inútil continuar lutando. Por que, Sr. Anderson? Por quê?Por que você persiste?...

Das melhores citações de Nietzsche ou seria ele narcisista?

No final será como sempre foi: as grandes coisas para os grandes, os abismos para os profundos, as branduras e tremores para os sutis e, em suma, tudo que é raro para os raros.

In the end it must be as it is and always has been: great things remain for the great, abysses for the profound, nuances and shudders for the refined, and, in brief, all that is rare for the rare.
― Friedrich Nietzsche


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Love of my life: uma carta de amor



A letra é linda:

Love of my life, you've hurt me
You've broken my heart and now you leave me
Love of my life, can't you see?
Bring it back, bring it back, don't take it away from me
because you don't know what it means to me...

Love of my life don't leave me
You've taken my love and now desert me
Love of my life, can't you see?
Bring it back, bring it back, don't take it away from me
because you don't know what it means to me...

You'll remember when this is blown over,
and everything's all by the way
When I grow older, I will be there at your side to remind you
how I still love you, I still love you...

please bring me back home to me, because
you don't know what it means to me

Love of my life,
love of my life...

Link: http://www.vagalume.com.br/freddie-mercury/love-of-my-life.html#ixzz3Kfp6w6o7




domingo, 30 de novembro de 2014

Mandela e a linguagem

"Fale com um homem em uma linguagem que ele entende, e isso vai para a sua cabeça. Fale com ele na sua própria linguagem, e isso vai para o seu coração."
-- Nelson Rolihlahla Mandela


quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Fernando Pessoa até enjoar...


Tudo é ilusão. NIHIL. Nada.  Mas e se nada é por acaso, perdoem o lugar-comum, como eu não percebi isso antes? Religiões, afinal o que elas têm (ópio do povo, né Marx?) com a minha vida. Não cria em nada. E agora há misticismo em tudo o que vejo...


ULISSES - Fernando Pessoa
O mytho é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mytho brilhante e mudo -
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.

Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.

Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre*.

"Olhar pro outro lado não transforma a realidade, apenas demonstra egoísmo e covardia": Eduardo Marinho e a sociedade

"Aberração. Uma sociedade injusta, uma vergonha pra quem tiver vergonha. Olhar pro outro lado não transforma a realidade, apenas demonstra egoísmo e covardia. É fácil entender o que acontece e porque acontece - basta querer. A dificuldade é esta, querer, porque estamos ameaçados e temos medo. Mais fácil e mais recomendado é ser egoísta e indiferente, mas isso mata a alma, estraga o que o ser humano pode ter de melhor e mais bonito, a solidariedade." By Eduardo Marinho


Quem quiser, espia o material desse artista único: http://observareabsorver.blogspot.com.br/

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Ninguém existe sem a presença do outro: escritos do passado e pensamentos atuais

Ninguém quer ser levantado do chão por outro. Todos acham que podem levantar sozinhos. Mentira!
 Ninguém existe sem a presença do outro. O próximo. Mas que próximo é esse que está tão distante? [A distância merece um capítulo para si...] Se existo em função do outro e se não estou nem aí pro outro, diabos, EU NÃO EXISTO! Como é difícil sair da frente do espelho...
Como na letra de Tom Jobim*


* Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho
O resto é mar
É tudo que não sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Vem de mansinho à brisa e me diz
É impossível ser feliz sozinho
Da primeira vez era a cidade
Da segunda, o cais e a eternidade
Agora eu já sei
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver
Da primeira vez era a cidade
Da segunda, o cais e a eternidade
Agora eu já sei
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Manifesto por um mundo mais lento: obra de Pedro Rios Leão

Manifesto por um mundo mais lento é um testemunho valioso sobre nosso tempo, sobre a realidade cotidiana de nosso mundo, sobre o que se passa na nossa política e sociedade e sobre o que se passa na cabeça e no coração de um homem de nosso tempo. Mas o livro de Pedro, além de ser um livro de nosso tempo, é também um livro sobre questões eternas. Antes de ser um homem de nosso tempo, Pedro Rios Leão é um homem. E continuar a ser um homem, continuar a ser humano, é algo verdadeiramente subversivo nos tempos de Pedro. Por isso, as tão pessoais cartas de amor que compõem a terceira parte do livro são tão importantes e “políticas” quanto os ensaios políticos e poesias engajadas. Esses e-mails e cartas apaixonadas podem ser comparadas nalgum grau aos Cânticos de Salomão, os poemas cheios de paixão e erotismo que, por serem tão sublimes (e divinos) nos séculos seguintes nem os editores mais caretas do Cânon ousaram retirá-los da lista das escrituras sagradas, junto com a Lei, as profecias, os salmos, a sabedoria e a história sagrada.(f0nte: http://antieditora.net/produto/manifesto-por-um-mundo-mais-lento/)

sábado, 22 de novembro de 2014

Uma canção antiga, Geni e o Zepelim

A letra é rica, conceitual e atualíssima...

De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo -- Mudei de idéia
-- Quando vi nesta cidade
-- Tanto horror e iniqüidade
-- Resolvi tudo explodir
-- Mas posso evitar o drama
-- Se aquela formosa dama
-- Esta noite me servir

Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
-- e isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni

Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Escritos avulsos: influência de Fernando Pessoa

2004 = É a deusa do trono perdido, Hécate, foi ela quem decidiu que apenas alguns podem chegar, temporariamente é claro, no topo. Depois aquele um é reabsorvido pelo caos. Coisa de gênio. Essa arquitetura magnânima do ser que não passa de NADA. É REGRA universal e de todos os universos imagináveis e por imaginar. O natural encontro com o barqueiro que leva a alma para o outro lado... um espaço da matéria e o outro  da alma. O primeiro para cima (na visão dantesca) e a alma para o inferno, naturalmente. DESASSOSSEGO. A paz é tão etérea quanto a felicidade.  O QUE TU QUERES DA VIDA?

domingo, 16 de novembro de 2014

Mensagem da Canoa

 Em um largo rio, de difícil travessia, havia um barqueiro que atravessava as pessoas de um lado para outro.
Em uma das viagens, iam um advogado e uma professora.
Como quem gosta de falar muito, o advogado pergunta ao barqueiro:
Companheiro, você entende de leis?
Não – Responde o barqueiro.
E o advogado compadecido:
É pena, você perdeu metade da vida!
A professora, muito social, entra na conversa:
Seu barqueiro sabe ler e escrever?
Também não – Responde o remador.
Que pena! – Condói-se a mestra!
– Você perdeu metade da vida!
Nisso chega uma onda bastante forte e vira o barco.
O canoeiro preocupado, pergunta:
Vocês sabem nadar?
Não! – Respondem eles rapidamente.
Então é uma pena – Concluiu o barqueiro
Vocês perderam toda a sua vida!” "Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes!" Paulo Freire

Intervenção Militar, Corrupção e Liberdade de Imprensa

domingo, 2 de novembro de 2014

Tudo aquilo que não é necessário é vício.

Vendo novamente o filme italiano Caros Amigos, salta a frase título do artigo "tudo aquilo que não é necessário é vício".

      Vivemos esbanjando como se não houvesse o amanhã e o amanhã sempre chega.
Simples mensagem com profunda vivência.
Seria bom se pudéssemos viver dessa forma, só com o que é necessário.

.

sábado, 1 de novembro de 2014

Dica de filme: cari fottutissimi amici

Filme que retrata a Itália pós-guerra, dirigido por Mario Monicelli, com tiradas hilárias.
Mostra a cultura, características e o lado cômico desse povo tão parte da nossa cultura brasileira.
Esqueça sinopse, somente assista. Depois me conte se gostou.
A imagem abaixo é das primeiras cenas: o curioso e o debochado. rsrsrs.

Chuva abençoada!

Boa noite!
    Quero brindar uma noite agradável de chuva tranquila. Um aperitivo de outono no meio da primavera... Quero desejar felicidade e amor. Bons momentos com a família e quem sabe um filme por distração.
    Quero desejar uma noite de sono com sonhos maravilhosos, que possamos lembrar ao acordar.
     Deixo uma imagem e uma música indiana (como quase sempre). Beijos!

https://soundcloud.com/omi-rajan/o-re-piya-rahat-fateh-ali-khan


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

No necesito alguien perfecta, sino alguien con la misma locura que yo. #HoySoyNadie Série Mexicana

Hoy soy nadie é uma série de tv mexicana, que eu tive a chance de acompanhar o lançamento em 2012. 
 Mateo Blanco, empreendedor da internet, que acaba falindo e aceitando uma missão obscura. 
         Envolve stalking no conceito de investigação, uso de identidade falsa entre outros elementos.

    Aqui no Brasil só pude ver as chamadas pelo facebook e hoje localizei um site com a série completa (http://www.identi.li/index.php?topic=244549). Genial, como muitos produtos televisivos dos mexicanos. :D


quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Arte que imita A vida que imita A arte que imita a vida... Dicas de filmes

Quero mostrar meu top 5 de filmes e indicar os primeiros (ou todos), pois são profundos e lindos.


In July: O outro lado das férias. Um filme leve, engraçado e romântico (alemão e turco), fala sobre a busca do amor verdadeiro, sobre encontro e desencontro. Lá está a frase mais linda que já ouvi sobre encontro ou alma gêmea se você preferir. :D 

"Minha querida, eu tenho viajado milhares de quilômetros, eu cruzei rios e movi montanhas. Eu sofri e  enfrentei agonias. Eu resisti à tentação, e eu segui o sol, para que eu pudesse estar diante de você e dizer que eu te amo".

Mais um filme alemão: Caráter;  denso, psicológico, começa pelo crime e retrocede, contando a história de vida e formação do suspeito. Faz pensar. 






The Boondock Saints (1999). Aventura com conteúdo. Dois irmãos irlandeses que, por acaso, viram justiceiros. Traz uma discussão sobre sociedade e valores, mas para quem é de diversão e aventura tá valendo também. O que é o Dafoe travestido? Uma gracinha! E o ápice no julgamento, mas não vou contar... rsrsrsrs

Na natureza selvagem (2007): história real de um mergulho no território abissal da existência. Drama porque é verdadeiro, profundo porque é descoberta. Outro filme para pensar e repensar a existência. O oposto do vazio que vivemos.


Vale uma animação para rir bastante: Vida de Inseto (1998). Detalhe: crítica social nas entrelinhas. O poder da união do povo contra o opressor, a lição contida é praticamente uma aula de sociologia, com direito à risada e diversão.


São cinco, mas poderiam ser 10... Indico ainda Sete anos no Tibet!!! 100% cultura budista jainista e Brad Pitt para você que não é amante do budismo, nem veg-algumaCoisa não se aborrecer... Brincadeira! O filme é excelente.
Se você assistiu algum desses filmes não deixe, por favor, de escrever e dar sua opinião. Ficarei feliz em conversar a respeito.  

(Arte e vida infinitamente como as subordinadas adjetivas restritivas).